3. No sofá da sala
A mãe bateu a porta do quarto e correu pra sala.
Já era tarde da noite, mas Rebeca estava acordada. Ouviu a mãe soluçando. Levantou; olhou pro Donatelo na cama ao lado: dormindo. Correu pra sala. A mãe estava jogada no sofá.
– Que foi?!
A mãe tapou o choro com a almofada; o corpo ficou sacudindo.
– Mãe, que foi, que foi!
Estava escuro na sala. Mas o pai abriu a porta do quarto e veio a luz de lá de dentro. Rebeca escorregou pro chão e ficou meio escondida atrás do sofá. O pai chegou perto e falou com uma voz de raiva, de mágoa, uma voz que a Rebeca nunca tinha ouvido ele falar:
–Você tá chorando por quê? Quem tem que chorar seu eu não você. Não sou eu que tô abandonando a minha família, é você; não sou eu que tô deixando os meus filhos pra lá: é você!
A mãe tirou a almofada da cara; a voz saiu metade soluço, metade fala:
–Você não tá querendo entender: eu não tô deixando a Rebeca e o Donatelo: um dia eu volto pra buscar os dois.
– Você vai embora com esse estrangeiro pra viver lá do outro lado do mundo...
– Eu juro que eu volto!
– ... Mas o estrangeiro não quer as crianças, só quer você.
– Eu sei que eu acabo convencendo ele...
– E se um dia você convence ele aí vem buscar a Rebeca e o Donatelo, não é? Lindo!
– O que eu posso fazer? Ele não quer que eu leve as crianças agora.
– ELE NÃO QUER!! Então ele agora manda em você. Ele é um deus que desceu do Olimpo pra dizer o que ele quer e o que que ele não quer que você faça.
Rebeca franziu a testa, ele é um deus que desceu de onde? E aí o pai gritou:
– Pois eu também não quero, viu? Eu não quero o que você quer. E você vai ter que escolher: ou fica ou leva as crianças com você agora.
– Mas eu não...
– Se você não leva elas agora eu não deixo você levar nunca mais. Abandono do lar, da família, de tudo: a lei vai estar do meu lado. Então você escolhe: ou ele ou as crianças.
Não percam... Continua nas proximas postagens!!
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